terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Conferência de Lima não chega a acordo‏


Conferência não chega a acordo

Kerry pede a governos para encerrar debate sobre quem deve agir para conter emissões de carbono
(AE/AP/Reuters)
Lima – Em uma breve visita às negociações na cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o clima, em Lima, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu aos governos para encerrar os conflitos sobre quem deveria agir para conter as emissões de carbono, responsáveis pelo aquecimento global. “É responsabilidade de todos, porque é a quantidade de carbono que importa, não a parte de cada País”, disse Kerry, na quinta-feira. O secretário americano alertou que negligenciar a elaboração de um plano eficaz para combater a mudança climática seria um “enorme fracasso moral coletivo, com consequências históricas”.
Como dividir os cortes das emissões que muitos cientistas dizem ser necessários para evitar níveis perigosos de aquecimento é um grande ponto de discórdia nas negociações em direção ao pacto climático global que os governos pretendem adotar na cúpula em Paris, no próximo ano.
O otimismo injetado nas negociações em novembro com um anúncio conjunto de metas de emissões previstas pelos EUA e pela China desapareceu em Lima. Os países desenvolvidos insistem que as promessas devem se concentrar em esforços para controlar as emissões e estão resistindo a incluir promessas de financiamento para ajudar os países em desenvolvimento a combater as alterações climáticas.
Delegados expressaram surpresa que a China, apesar de seu anúncio conjunto com os EUA, continuou a insistir em claras linhas divisórias entre ações climáticas esperadas dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. “Pensei que não seria tão severo como costumavam ser no passado”, disse Tony de Brum, ministro das Relações Exteriores das Ilhas Marshall, um dos pequenos Estados insulares que serão submersos pela elevação dos mares causada pelo aquecimento global.
Liu Zhemin, vice-chefe da delegação chinesa, destacou o princípio da convenção de clima da Organização da Nações Unidas em 1992 que os países ricos têm maior responsabilidade de combater a mudança climática. Ele chamou o anúncio do último mês, de acordo com o qual a China reduziria suas emissões até 2030, de “uma meta muito ambiciosa”, que exigiria grandes medidas.
Este ano caminha para se tornar o mais quente já registrado, e as perspectivas delineadas por um conselho de cientistas da ONU indicam que o mundo deve agir para cortar as emissões para zero antes de 2100. Marlene Moses, de Nauru, presidente da Aliança dos Pequenos Estados-Ilha, que teme o aumento crescente no nível dos mares, criticou a relutância chinesa de fornecer informações completas. Segundo ela, a China dizia “’vamos mostrar nossas cartas, mas não olhem’. Estão nos pedindo para assinar um acordo que nos deixa debaixo da água. Não é justo conosco.”
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Países latinos são criticados

Reuters
Lima – Países latino-americanos que participam das conversas climáticas desta semana em Lima, no Peru, foram criticados por seus planos de aumentar drasticamente a produção de petróleo. Algumas nações influentes da região presentes às negociações por um novo tratado global para tentar reduzir os gases de efeito estufa têm projetos para incrementar a produção e o uso de combustíveis fósseis, vistos como os principais culpados pelo aquecimento global.
O Brasil está investindo em áreas costeiras que podem render até 35 bilhões de barris de óleo equivalente recuperáveis. Ansioso por fontes de energia em um momento no qual as secas severas esgotam os reservatórios das usinas hidrelétricas, o País acaba de aprovar a construção de novas usinas movidas a carvão que serão parcialmente financiadas pelo governo. O México aprovou recentemente uma nova legislação que permitirá investimentos estrangeiros na produção de petróleo, rompendo o monopólio da estatal Pemex.

Fonte: Jornal "O Popular", de Goiânia, GO, edição de 13.12.2014, pág. 16 / Mundo.

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