segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Grupos reagem com indignação na Guatemala após notícia sobre cobaias humanas


Setores políticos e sociais da Guatemala reagiram com indignação neste sábado depois de ser revelado que cientistas americanos inocularam doenças venéreas em 1.500 guatemaltecos sem seu consentimento, na década de 1940, para a realização de experimentos médicos.
“Por mais que os Estados Unidos sejam uma superpotência, não podem fazer esse tipo de experimento. Usaram os guatemaltecos como ratos de laboratório, é importante que os familiares das vítimas recebam algum tipo de ressarcimento”, disse à imprensa o diretor do Escritório de Direitos Humanos do Arcebispado da Guatemala, Nery Rodenas.
Na mesma linha, a deputada da Frente Republicana Guatemalteca (FRG), Zury Ríos, advertiu que “não é suficiente dizer perdão”. “Necessitamos de uma compensação como Estado, por exemplo, um programa sólido de saúde sexual e reprodutiva.
Os experimentos em humanos feitos por americanos na Guatemala vieram à tona após uma investigação da doutora Susan Reverby, do Wellesley College, que descobriu os documentos em arquivos do doutor John Cutler (morto em 2003), que liderou esse programa de ensaios.
Cutler dirigiu em 1946 uma série de investigações sobre reações de medicamentos contra a sífilis, gonorreia e outras doenças sexualmente transmissíveis, inoculando essas doenças em cerca de 1.500 guatemaltecos para observar suas reações aos tratamentos.
Os “porquinhos-da-índia” foram recrutados entre soldados, prostitutas, pessoas com doenças mentais e reclusos guatemaltecos, segundo informação dada por autoridades americanas, que na quinta-feira passada informaram ao presidente Alvaro Colom sobre esses fatos e pediram desculpas.
“Dá raiva saber dessa notícia. Isso só confirma que os Estados Unidos e o capitalismo deixam de lado os valores humanos”, disse Cindy Aceituno, uma cidadã consultada pelo jornal Prensa Libre.
“Desculpas não bastam. Isso demonstra o despreço que esta nação (EUA) têm com os países do terceiro mundo”, afirmou Bernal Ehlert, outro guatemalteco ouvido pela imprensa local.
Na sexta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, e a secretária de Saúde americana, Kathleen Sebelius, condenaram os experimentos médicos realizados sobre guatemaltecos entre 1946 e 1948 e qualificaram o fato de “claramente antiético” e “condenável”.
(Fonte: Folha Online)

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