terça-feira, 20 de setembro de 2011

Queimadas fazem bichos lotarem zoos e hospitais no interior de SP


Com graves queimaduras, uma loba-guará mordeu tanto os dedos para “tirar” a dor que amputou as próprias patas. Morreu dias após ser resgatada, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
Já um tamanduá-bandeira queimou todas as patas ao tentar fugir do fogo. Está sob cuidados de veterinários em São José do Rio Preto.
Esses animais silvestres são dois entre as centenas de vítimas que têm sofrido com o avanço dos incêndios em canaviais, matas e florestas do interior de São Paulo.
A estiagem e o tempo seco quase sempre são os responsáveis pelo fogo, mas a colheita manual da cana, que exige a queimada, e incêndios criminosos também prejudicam a fauna.
Não há estatísticas oficiais da Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros ou Ibama, mas levantamento feito pela Folha em zoológicos e hospitais veterinários de oito cidades aponta ao menos 147 animais com queimaduras ou marcas de atropelamento causado ao fugirem do fogo desde junho.
Só em Ribeirão, foram 119 focos de queimadas nesse período de estiagem, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Lá, 49 animais silvestres foram levados para o Bosque Zoológico Fábio Barreto durante esses meses.
As outras cidades consultadas foram São Carlos, Franca, Jaboticabal, Piracicaba, Sorocaba, Ituverava e Bauru, além de Rio Preto.
E isso é só parte do problema, já que especialistas dizem que não há informações sobre todos os animais que morrem carbonizados.
“Ainda tem os casos dos que nem são resgatadas. Fogem feridos do fogo, mas morrem e ninguém fica sabendo”, disse Karin Werther, do hospital veterinário da Unesp de Jaboticabal.
Danos indiretos – Os mais vulneráveis são os de locomoção lenta, como tatus e cobras. “Esses têm mais dificuldade para fugir”, diz o zootecnista Alexandre Gouveia, de Ribeirão.
Em São Carlos, uma jiboia chegou a ser levada ao zoológico da cidade com queimaduras graves e quase sem pele. Não sobreviveu, segundo Fernando Magnani, administrador do local.
Animais de hábitos noturnos, como tamanduás, só percebem as chamas quando o fogo está perto. “Com visão reduzida, a fuga depende da sorte de correr para o lado onde não há fogo”, afirmou a veterinária Antonella Jacintho, Universidade de Franca.
Necropsias feitas em animais mortos revelam mucosas de narinas, traqueias e pulmões queimados.
 (Fonte: Elida Oliveira/ Folha.com)
(Foto: Internet)

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